Poliarquia

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Ano Novo! Vida Nova!

sexta-feira, março 10, 2006

O Arco da Governabilidade


Um dos maiores pressupostos da direita portuguesa, e talvez aquele que mais discrimina os apoiantes da esquerda, é a noção do “arco da governabilidade”, também conhecido como “área democrática” ou “partidos de governo”, entre muitas outras expressões, que segundo os seus autores tende a reflectir os partidos com sentido de estado, os partidos responsáveis e sistémicos (PS, PSD e CDS) daqueles que seriam irresponsáveis e anti-sistémicos (PCP e BE).

Essa visão dos partidos anti-sistémicos, que deriva sobretudo da reacção ao marxismo-leninismo do PCP, e que foi inculcada no BE com uma faceta de irresponsabilidade juvenil da sua imagem, afinal um partido de causas dificilmente poderá ser um partido com sustentabilidade programática, fez história nas elites portuguesas, se fez ou não no povo é outra questão, e tem sido o principal argumento que impede o PS de fazer alianças governativas à sua esquerda.

Portanto, uma pessoa poderia pensar que seria do interesse desses dois partidos (PCP e BE) começarem a dar sinais de maior respeitabilidade, como prenuncio da necessidade de a médio/longo prazo de se tornarem parceiros governativos do PS, sob pena de uma hipotética maioria de esquerda se tornar sempre numa minoria. Contudo, tal análise pressupõe que é do interesse desses partidos tentarem captar o voto dos eleitores desse mesmo arco governativo. Por exemplo, não sendo eles partidos de maioria, não é do seu interesse captar o voto mediano, podendo concentrar-se nos votos dos descontentes, dos radicais, e sim, dos próprios anti-sistémicos, ou daqueles que gostam de demonstrar irreverência juvenil ou outra, ou simplesmente terem nichos eleitorais concretos, que poderiam perder caso caminhassem para esse “arco governativo”.

Isto tudo para dizer que discordo da atitude do PCP e BE em não aplaudir o Acto de Posse do Presidente da República, só porque Cavaco Silva era a pessoa que ia exercer esse cargo. Tal demonstra uma ausência de sentido de estado, que em última análise poderia ser anti-sistémica. O quis aqui dizer é que tais atitudes poderão ser coincidentes com os seus interesses e estratégias.

Em relação ao discurso propriamente dito, o facto de haverem partidos (que basicamente foram todos, excepto o PSD) que não aplaudirem partes do discurso do Presidente da República, é na minha opinião apenas sinal de concordância e discordância, e portanto legítimo em democracia.

Em relação ao CDS-PP, mais uma vez se demonstrou a clara esquizofrenia que trespassa todo o partido, tendo o seu líder, Ribeiro e Castro, aplaudido o mais possível, para se distinguir da sua própria bancada, que pouco ou nada aplaudiu o discurso. Isto levantou-me duas simples questões:

O PP de Manuel Monteiro era um partido sistémico ou anti-sistémico?

A sua retórica anti-europeísta, a sua irreverência contra as instituições, entre outras coisas, poderia permitir dizer que sim. Então a minha outra pergunta é:

O PP de Pires de Lima, que se está a afirmar contra o CDS de Ribeiro e Castro, será anti-sistémico ou não?

Algo em que as elites de direita terão que pensar, afinal em nada está escrito que sistémico vs anti-sistémica significa esquerda vs direita. Ou seja poderemos ter um partido anti-sistémico de direita.

Ou é o sistema político, propriedade exclusiva da direita?

(Também publicado no Loja de Ideias)

domingo, fevereiro 27, 2005

Nunca esteve à venda!

E que tal pôr em saldo?

«CDS: Maria José Nogueira Pinto exclui candidatura».

O concurso para a liderança do CDS continua deserto...

VM


Não, meu caro VM, todos os dirigentes do PP já sabem que Paulo Portas sucederá a Paulo Portas.

Mesmo que o próprio não queira.

O lugar nunca esteve no mercado.

Ainda não fizemos um, e já planeamos outro!


Depois de eleito, Menezes vai realizar um congresso extraordinário do PSD após as eleições autárquicas de Outubro

Embora esta notícia traga uma contradição no seu interior, visto que também se afirma que LFM quer fazer este "outro" congresso após as presidenciais de Janeiro de 2006, o que aliás faz mais sentido, não deixa de ser curioso que o PSD tenha entrado na moda de fazer Congressos por tudo e mais alguma coisa. Senão vejamos:

Congresso de Barcelos- Novembro de 2004
Congresso de Pombal- Abril de 2005
Congresso do Porto*- Março de 2006

*- Que melhor sítio do que este para LFM?

Com LFM, o PSD entraria na moda de fazer Congressos de 6 em 6 meses.

Alguém imagina o quanto isto é desprestigiante para a imagem dum (ainda) grande partido nacional? Imaginam os custos que estão envolvidos? Imaginam eleger orgão nacionais em Abril, para apenas vigorarem menos de 1 ano?

Só para os militantes do PSD perceberem o que está em risco.

1º Round no PSD: MM 2, LFM 0.


Tendo o Conselho Nacional do PSD rejeitado hoje a proposta, originária da facção de LFM, de que ja neste Congresso se deveria proceder à eleição directa do líder, consegue-se perceber que a facção de MM mais os adeptos do "Encoberto" detém a maioria dos votos neste referido orgão. O que espanta neste resultado, já de si previsível, é a pouca diferença entre os votos, 45 vs 36.

Mais, muitos conselheiros que votaram contra esta proposta fizeram-no por causa da proximidade das eleições autárquicas a um possível acto de eleição directa do líder, chegando a afirmar que se não isso votariam a favor.

Conclui-se assim que são considerações de índole muito mais autárquico do que propriamente visões de política nacional que neste momento regem as decisões de grande parte do aparelho do PSD.

Curiosamente, isso faz reforçar em muito as possibilidades de LFM, que pode mais facilmente vender "pão e circo" aos autarcas, do que MM ou o núcleo cavaquista.

É claro que a escolha de Pombal, para localização do Congresso, em deterimento do Porto, só pode ser visto como uma clara derrota de LFM.

Fica-se também a saber que IM tende para apoiar MM enquanto NMS e MR não o apoiam.

sábado, fevereiro 26, 2005

Golpe de Estado no PSD?

o PSD "precisa de renovação e de uma liderança que saiba interpretar os mesmos valores da sua fundação,(...) que saiba congregar um conjunto de nomes (...) com reconhecimento público nacional e internacional".

As eleições directas continuam na agenda do PSD (...) A ideia de eleger o líder através de directas já terá o apoio das estruturas do Porto, Aveiro e Braga (...) Os candidatos teriam então dois dias para apresentar as suas ideias e listas. A eleição do líder e órgãos nacionais seria feita no fim-de-semana seguinte.


Pobre MM.

Entre o "Encoberto" e o populismo sem vergonha...

Venha o Diabo e escolha.

Leonor Beleza apoia candidatura de Ferreira Leite à liderança do PSD



Poderá ser isto um sinal de que MM não é o candidato dos "cavaquistas"?

Que diferença será para os tecnocratas do PSD, ser MM ou MFL, quem lidera os destinos do partido?

Será uma cortina de fumo?

Ou entramos no dominio das tricas pessoais?

Claro que não!

Vejam lá:

Sem o dizer abertamente, Leonor Beleza acabou por se mostrar insatisfeita com a pouca ambição para as presidenciais manifestada por Marques Mendes na apresentação da sua candidatura à liderança do partido, esta semana. Mendes não quis comprometer-se com nomes, sublinhando o carácter surpra-partidário da eleição presidencial.

É o "Encoberto", que já começou a sua estratégia de assalto ao partido. Quem não está com ele...

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Vital Moreira no "Expresso da Meia-Noite"- 2



Boa argumentação, ideias claras e concisas.

Em relação a participar no Governo, nem uma palavra, porque RC e NS nem tocaram no assunto. Parece que não é só o PS que faz o "bunker informativo".

A bem de Portugal, espero que vá.

Expresso da Meia-Noite-6

Entre a Esquerda e a Direita, nada de novo...

Expresso da Meia-Noite-5

"A realidade impõe estas reformas" Proença de Carvalho, Expresso da Meia-noite

"Your focus determines your reality" Qui-Gon Jinn, Star Wars-Episode 1


Expresso da Meia-Noite-4

Dr. Proença de Carvalho, a reforma do sistema eleitoral não é uma reforma do Estado?

FSC, o que é que fazes com os funcionários públicos que despedes? Vão engrossar o desemprego de longa duração?

Ou alguém defende seriamente, que a maioria dos funcionários públicos consegue se empregar no sector privado?

Sinceramente...

Expresso da Meia-Noite-3

Se alguém espera que um sistema de representação proporcional com o método d´Hondt, como o nosso, consegue facilmente produzir maiorias absolutas mono-partidárias, está enganado.

E mais, pode-se facilmente alegar que as três maorias absolutas até agora conseguidas aconteceram em momentos extraordinários.

Cá para mim, eu quero que a governabilidade seja "ordinária" e não "extraordinária".

Expresso da Meia-Noite-2

Concordo com VM, o confronto interno entre as alas do PS foi fundamental para uma forte capacidade de mobilização de Sócrates de "todo" o PS para lutar ao centro.

Na parte final da campanha, era notório que os jornalistas estavam, na sua grande maioria, contra o PS, ou melhor contra a maioria absoluta do PS.

À espera do "Encoberto" talvez...

Expresso da Meia-Noite-1

Esperem lá.

Agora o que dizemos em casa particular de pessoas é trazido para a praça pública num programa de televisão, como quem dá aquela palha?

Mas está tudo doido ou quê?

Vital Moreira no "Expresso da Meia-Noite"

Irá dizer alguma coisa sobre a possibilidade de ser ministro no novo Governo de Portugal?

Onde é que já ouvimos isto?

"Menezes quer directas já e faz desafio a Mendes"

DN, 25/02/200


Diga-se de passagem, que LFM quer MRS como candidato presidencial, sobretudo para inviabilizar uma futura candidatura dele a líder do PSD.

Serei também o único a achar que a candidatura de um possível líder nacional do PSD a uma Câmara Municipal, é um profundo insulto aos eleitores desse concelho?

A Ler: "Sistemas Políticos Comparados"

Pasquino, Gianfranco, (2005), Sistemas Políticos Comparados, Principia,
Cascais.



Como um cientista político de renome mundial consegue meter os pés pelas mãos ao falar daquilo que não domina: o sistema político português.

Poliarquia

Poliarquia é o "governo dos muitos", por oposição a Oligarquia "governo dos poucos", a Monarquia "governo de um" e a Anarquia "governo de ninguém".

Adaptado de Robert Dahl (2000), Democracia, Temas e Debates, Lisboa, p. 106.